segunda-feira, outubro 10, 2005

Introdução à problemática dos casalinhos

À primeira vista este parece um blog que só pode ter sido criado por indivíduos frustrados com a sua vida amorosa e que, como tal, se dedicam à crítica destrutiva gratuita da vida amorosa dos outros. Na verdade este blog será muito mais profundo que isso. Terá, pelo menos, mais 15 metros de profundidade que isso. Ou mais.

O comportamento estilo couple-bashing é sobejamente conhecido na nossa sociedade e é normalmente justificado pela necessidade daqueles que a ele recorrem de manter a sua sanidade mental naqueles períodos em que não fazem parte de casalinhos. Subjacente a isto reside o facto de que, na verdade, esses couple-bashers serem couple-lovers, que não odeiam casalinhos, mas sim o facto de não pertencerem a um casalinho.

Mas o ódio a casalinhos não se resume a esta dialéctica de frustração-agressão - o que, a bem ver, não é um verdadeiro "ódio", mas sim uma ligeira sensação de irritação, uma "picada de mosquito a meio da noite", um "epah, esqueci-me das chaves do carro em casa quando se chega ao carro com as mãos cheias de tralhas". Algo desse género.

O que o publico em geral não sabe é que há muito mais a odiar nos casalinhos. Como tal, pareceu-nos ser este o ponto de partida essencial - introduzir a problemática dos casalinhos de forma acessível ao público em geral (se algo nesta introdução não lhe for acessível é porque não faz parte do público em geral; talvez faça parte de um público em particular, não sei). Para isso é importante notar que, como qualquer objecto de estudo, os casalinhos se prestam a confusões conceptuais de variados tipos que convém esclarecer.

1) Confusões fonéticas:
Pode pensar-se que "casalinho" é um neologismo para designar uma casa feita de linho, e isso é falso; para designar uma casa feita de linho deve dizer-se "uma casa feita de linho" e de seguida acrescentar "que ideia mais estúpida" ao que um(a) amigo(a) informado(a) pode retorquir "estúpida só se for por contingência, não por princípio - repara que os povos nómadas do deserto têm casas de linho, e de outros tecidos decerto, e esses são formatos habitacionais que funcionam muito bem para esse estilo de vida e ambiente."Pode também pensar-se que "casalinho" pode ser usado como uma frase, e não como uma palavra. Por exemplo, "Oh fulano, onde é que tu alinhas as coisas?" "Eu? Cá-as-alinho."

2) Confusões morfológicas:
Outra confusão frequente surge entre casalinho e casal. Os casais não têm nada de (muito) mal. É possível conhecer um casal, conviver com um casal. Sociologicamente casal representa o núcleo da família nuclear contemporânea. Na verdade qualquer ajuntamento de organismos em que um pertence ao sexo masculino e o outro ao sexo feminino pode ser denominado de "casal". Já o casalinho implica algo funesto, nefasto, brugesso, purulento... Tipo, cão e cãozinho - o primeiro é um animal de pleno direito, o segundo parece uma miniatura do primeiro feita de peluche e sem a conveniência de um boneco que é não ter necessidades fisiológicas.

3) Confusões assim-um-bocado-para-o-estúpidas:
A mais frequente destas confusões consiste no considerar que casalinhos são casais de pessoas pequenas. Errado por dois motivos. Primeiro para tal teríamos de chamar a essas pessoas "pessoinhas": pessoas-casais, pessoinhas-casalinhos. Segundo, a existência de casalinhos de pessoas grandes é possível, em princípio.

4) Confusões tão-estúpidas-que-roçam-o-absurdo:
Por exemplo, confundir casalinhos com rissóis. É que não tem nada a ver! Quando muito há embalagens com um rissol de carne e um rissol de camarão, e, tudo bem, é um casalinho de rissóis - mas o aspecto relevante é que os conceitos de casalinho e de rissol se mantêm distintos. Nota: qualquer pessoa que faça casalinhos de rissóis merecem o dobro do ódio normal a casalinhos... é que, por favor, casalinhos de rissóis!??

5) Outras confusões:
É relevante ressalvar que outras confusões relativas aos casalinhos podem vir a ser identificadas no futuro. Estas serão divulgadas atempadamente tendo sempre em vista a clarificação desta problemática.

Depois desta breve introdução podemos começar a odiar casalinhos a sério.

quinta-feira, outubro 06, 2005

1st impressions

bah...