quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Esclarecimento

(a todos a quem possa interessar e, por uma questão democrática, também àqueles a quem não interessa nada, isto, claro, ressalvando quaisquer posições de interesse intermédio como 'relativamente interessado/a', 'interessado/a mas, tipo, um bocado nas tintas, numa onda de não havia mais nada para fazer', e outras)

A ausência de post em Janeiro tem um significado profundo. Dado que todos os post publicados até agora tiveram uma periodicidade mensal (ou seja, saiu um por mês, ou noutras palavras os posts estabeleceram uma relação de um-para-um com os meses tal que, sendo M um mês e P um post, para cada M existiu um P o que implica a sucessão M1 - P1, M2 - P2,... Mn - Pn), esta ausência torna-se dissonante da política de periodicidade até agora estabelecida.

Este facto não foi acidental. Aliás, como referi, tem um significado profundo.
Teríamos chegado a um estado de graça do universo em que tivessem acabado, como que por magia, os casalinhos? Não, claro que não, aliás grande parte (mais de 86,34%, de acordo com algumas estatísticas, incluinido entre elas algumas ex-trabalhadoras do INE actualmente reformadas) dos desejos pedidos aquando do consumo das 12 passas da passagem de ano foram desejos relacionados com casalinhos.
Será que não havia nada odioso a relatar acerca do vil mundo dos casalinhos? Também não, já que a é a própria existência de casalinhos é uma fonte do mal. Por exemplo, embora não seja do conhecimento público, toda a poética do eixo do mal de George W. foi originalmente criada como forma de expressão de um sentimento difuso de stress conjugal intenso. A sua aplicação a problemas políticos internacionais foi apenas uma pequena extensão.
Então porquê esta quebra da coerência periodicial? Alguns agitadores poderiam proclamar que isto de odiar casalinhos é sempre uma questão de ressabianço, o que carrega a sugestão implícita de que o autor teria caído em desgraça. Contra eles volto a relembrar o primeiro post deste blog onde se procurou explicar porque é que ressabianço e ódio a casalinhos não são uma e a mesma coisa - este é um caso claro em que o conselho intelectual a seguir é "não penses, olha."
Como este post não é muito longo o fundo é já a seguir, e o significado está pra lá.

(Nota: o fundo do post começa aqui)

A ausência de post é na realidade muito simples. Epah, não deu. Podia vir agora com uma história, porque o post estava escrito e não sei quê, mas o meu cão comeu-o e ai que chatice. Mas era claramente um erro. Eu nem sequer tenho cão. E de qualquer modo essa do "o cão comeu-o" é só uma importação rafeira (o que é bastante irónico) do original anglófono "my dog ate it". O original soa a "my dog hated" e isso poderia ter algum interesse para este blog, por exemplo na frase "Casalinhos are so bad, they're something even my dog hated." Mas em portugês... enfim.

Aproveito para terminar este esclarecimento com uma palavra séria de aviso: aproxima-se o dia 14 de Fevereiro e a máquina dos casalinhos já está em marcha em todo e qualquer estabelecimento que contenha qualquer produto remotamente oferecível a namorados e/ou namoradas. Estes movimentos antecipatórios podem ser prejudiciais à saúde, mas dificilmente serão fatais. O grande problema terá lugar no próprio dia 14, em que todos os restaurantes parecerão um remake, numa versão 'casalinhos', do filme "A Noite dos Mortos-Vivos", onde zombies invadem cidades e não deixam sobreviventes, tudo com efeitos especiais ao bom estilo dos filmes de série-B. De facto há muitas semelhanças entre zombies e casalinhos. Por exemplo, os zombies não têm vontade própria e comem os cérebros de seres humanos normais, mas fora estes há muitos outros pontos em comum. Segundo o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil: "A forma mais segura de passar o dia 14 e em especial a noite de 14 para 15 é manter-se num local fechado e escuro, com 1) provisões suficientes para pelo menos 3 dias, 2) um receptor rádio a pilhas e pilhas de reserva e 3) uma lanterna (também a pilhas). Deve escutar atentamente as instuções das forças de protecção civil e não sair até o estado ser declarado seguro. Por isso, não deve usar as pilhas de reserva na lanterna, pois correrá o risco de ficar sem pilhas para o rádio. Isto a não ser que tenha um aparelho que funcione como rádio e lanterna ao mesmo tempo. Nesse caso pode utilizar as pilhas de reserva na lanterna-rádio, mas não se estique no seu uso, senão fica sem rádio e às escuras (correndo o risco de pisar e/ou tropeçar nas provisões). Se por acaso o seu modelo particular de lanterna-rádio for uma lanterna-rádio-que-em-vez-de-som-traduz-tudo-para-código-morse-com-o-ligar-e-o-desligar-da-luz deve, caso não fale código morse fluentemente, equipar-se com um manual de código morse, de preferência em braile pois estará escuro quando precisar de recorrer a ele." (http://www.snbpc.pt/fev06-casalinhos.htm).